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Desafio de Viagem #3 de 10

Atualizado: 23 de ago. de 2020

2012 - Berlim, Alemanha.



Tem muito o que se falar de Berlim, mas se for para resumir em uma frase, diria que é uma cidade de constrastes. Uma cidade onde o passado e o futuro não são tempos separados e sequenciais; são simultâneos, complementares e precisam um do outro para existir.

Ao longo da cidade, os mais modernos e tecnológicos prédios são construídos ao redor de monumentos históricos e centenários.


Enquanto aqui no Brasil existe certa mentalidade de esquecer ou fingir que nunca aconteceu (ou que não acontece), Berlim mostra que não, não é possível esquecer.

Um momento bem emblemático pra mim foi visitar o Neues Museum, um dos mais incríveis que já pude botar os pés, não apenas pelas maravilhas reunidas lá dentro, mas, pelo que vimos do lado de fora.

Na sequência de pilares externos, alguns não pareciam restaurados e, em um olhar mais aproximado, podíamos ver buracos espalhados. Buracos de bala, que foram disparadas e alojadas lá há quase um século e nunca retirados para que também integrassem o acervo do museu. História viva, real, bem ali na nossa frente e ao alcance de um movimento de braço.


Ainda sobre contrastes, o passado não é apenas uma fonte de sofrimento ou uma coletânea de barbaridades.

Com isso tudo vem a superação, a glória, a vitória da sobrevivência.


Apesar do Muro de Berlim ter sido dizimado, existem dois trechos que são mantidos de pé para fins turísticos e históricos.

Um deles, uma massa de concreto com arame farpado, alta, cinzenta, pesada e sem esperança, fica posicionada ao lado da "Topografia do Terror", local que era a antiga sede da Polícia Secreta Nazista (Gestapo) e que documenta e mostra as diversas atrocidades cometidas durante o regime.


O outro pedaço do Muro é conhecido como East Side Gallery: uma verdadeira galeria ao ar livre, permeada pelo Rio Spree, em que, ao longo de mais de um quilômetro, uma explosão das mais diversas cores e formas toma conta.

No que era o antigo lado leste do Muro, foram reunidas centenas de pinturas, desenhos, caricaturas, rabiscos, textos em todas as línguas imagináveis, declarações, dedicatórias, poesias... uma verdadeira celebração da vida e da capacidade humana de amar, imaginar e se recriar.


É, afinal, uma cidade densa, pesada, mas no melhor dos sentidos. Uma cidade com muita força e muito poder, que passou por muitos horrores e não sucumbiu. Que lembra de seus piores momentos e não os varre para debaixo do tapete; de fato, os usa como alicerce, como uma base para que venham tempos melhores.




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