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Desafio de Viagem #8 de 10

Atualizado: 23 de ago. de 2020

2018, Tóquio, Japão.

No lugar de um texto reflexivo, hoje vamos de lista de curiosidades sobre este povo, sua cultura e a viagem em si:


- Abrindo com uma curiosidade pessoal: quando viajamos para o leste europeu em 2012, em pleno inverno rigoroso, um de nossos objetivos era ver neve. Em Praga, chegamos alguns dias depois de uma grande nevasca; em Budapeste, andamos de barco pelo Rio Danúbio Azul na véspera dele ser congelado.


Ao longo desta e de outras viagens, sempre víamos um montinho de neve aqui, um resquício de gelo acolá, um granizozinho de leve por ali...

Mas a primeira vez que vi neve de verdade, com direito a ver flocos dançando no ar e a poder fazer esculturas, foi, ironicamente, na Terra do Sol Nascente.


- De maneira geral, na cultura japonesa, o antigo e o novo são dois polos que se encontram e se encaixam perfeitamente. Alguns dos maiores avanços tecnológicos criados pelo homem são realizados em meio a monumentos e tradições milenares.



- Aliás, tecnologia dominante é uma coisa real. MUITAS tarefas cotidianas são realizadas por máquinas, e eles automatizam tudo que podem.


- Isso acaba criando um fenômeno que é bem estranho pra um brasileiro: não existe "gambiarra" nem "improviso".

Em duas ocasiões isso foi bem evidente:

Quando estávamos saindo do hotel com malas pesadas e pedimos um táxi, o recepcionista fez algumas ligações, não conseguiu e deu de ombros, dizendo com um sorriso que o serviço de metrô era muito bom (mais uma curiosidade rápida: eles praticamente só usam transporte público pra se locomover, mesmo quando estão indo viajar; táxi é uma coisa bem de turista mesmo e, por isso, raro). Teve que rolar uma pressão pro cara sair do hotel e ir buscar um táxi na rua.

Outra: Apesar de haver casas cambiais com funcionários em alguns pontos específicos, essa troca normalmente é realizada por máquinas. Em outro hotel, a única máquina disponível para tal função estava quebrada. Tentamos, então, trocar o dinheiro na recepção, mas indicaram a máquina e, ao informarmos que não estava funcionando, recebemos mais "dar de ombros" e sorrisos indicando que nada podiam fazer a respeito pra resolver, e dessa vez ficou por isso mesmo (no caso, tivemos que encontrar outra máquina de câmbio fora do hotel).

O conceito de realizar qualquer tarefa fora de um protocolo estabelecido é praticamente inexistente, ou, no mínimo, bem difícil de acontecer.


- Tirando funcionários que trabalhem em funções especifiamente turísticas (guias, recepcionistas de hotel), é praticamente impossível achar um japonês que fale inglês.

- Mas, isso não é motivo pra desespero, pois tudo é tão organizado e sinalizado que dificilmente você vai se perder ou se confundir.


- De fato, tudo é INACREDITAVELMENTE organizado e limpo: passamos por diversas cidades ao longo da costa do Japão e todas elas primavam pela limpeza, até mesmo em cenários como banheiros no metrô e mercados de peixe.


- Pra quem gosta de comida japonesa, é uma felicidade pura. Só tem peixe e frutos do mar pra todo lado, incluindo 90% da mesa do café da manhã do hotel. Até tentei me arriscar um salmão grelhado matinal, mas confirmei de uma vez por todas que não sou fã dessa culinária; acabei tendo que me virar com pão com manteiga (um dos melhores que já comi na minha vida), um espaguete à carbonara perdido e muitos, mas muuuuitos cup noodles.


- Educação, respeito e gentileza são palavras de ordem. O metrô pode estar extremamente lotado como uma lata de sardinha, e ninguém encosta um fio de cabelo em você nem fica te encarando por mais que você se destaque no meio da multidão. Evitam contato físico desnecessário a todo custo (não num sentido de desprezo, mas sim de te preservar e de evitar ser inconveniente) e é comum que façam uma reverência rápida antes de te entregarem algum objeto, por mais corriqueiro que seja (folhetos, pratos de comida, algum item comprado).


- Esse raciocínio de "não perturbar o outro" é evidente em muitos outros comportamentos. Bem antes de Covid, a prática de usar máscaras na rua já era bem comum; no início, estranhamos à beça e achamos que eram hipocondríacos exagerados, mas, com o passar do tempo, entendemos que aquilo é um ato de consideração e começamos a nos perguntar por que cargas d'água não fazemos o mesmo por aqui. (Ou não fazíamos, né? rs)

Outro registro interessante: quando estávamos numa montanha-russa, só dava pra ouvir gritos de quem não era local. Até gritar num arroubo de emoção em um brinquedo radical pode ser considerado uma invasão do espaço do outro.



Em conlusão: temos muito, mas muito MESMO a aprender com esse povo. Mas admito que, enquanto estava lá, senti bastante a falta de pessoas que tivessem jogo de cintura para lidar com situações adversas, de dar um bom abraço apertado e, é claro, de me refastelar com um bom e velho feijão com arroz.

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